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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Entrevistamos o brasileiro em Fringe!

Confira a entrevista com Rodrigo Dorsh, que trabalha na equipe de efeitos especiais de Fringe!


Como você foi parar no Fringe?


Quando eu comecei a trabalhar na Zoic Studios (www.zoicstudios.com), em marco de 2008, ja estavam fazendo o piloto de Fringe. Na epoca eu estava trabalhando em outros projetos, mas quando o piloto de Fringe foi escolhido para virar serie, resolveram arrumar alguns dos efeitos que inicialmente foram feitos por uma outra empresa, mas o cliente nao estava feliz com o resultado. Foi ai que eu entrei para a equipe. Meus primeiros shots na serie foram do braco mecanico da Nina (episodio piloto). Para mim foi uma oportunidade fantastica, porque alem de ser um programa estimulante de trabalhar, o episodio piloto veio a ganhar o premio de melhores efeitos visuais em uma serie de TV da VES (Visual Effects Society).


Como funciona o processo dos efeitos?


A serie tem um Visual Effects Supervisor, o Jay Worth. Ele divide os efeitos entre diversas empresas, de acordo com a complexidade e dificuldade dos shots (Alem da gente existem empresas menores, que fazem as coisas mais simples, tipo as letras em 3D, efeitos mais cosmeticos, colocar imagens em TVs, telas de computador, etc.). A Zoic Studios, empresa que eu trabalho, faz os efeitos mais dificeis e mais complicados. Geralmente o Jay Worth discute com a gente o que sera feito para cada episodio antes de filmarem, para saber como devem filmar, que tipo de elementos e informacoes do set nos precisamos, etc. Infelizmente, nao temos a oportunidade de ir ao set, ja' que a primeira temporada foi filmada em Nova Iorque e a segunda e terceira, em Vancouver, e o nosso estudio fica em Los Angeles. Na Zoic, temos nosso proprio supervisor e uma equipe que varia em tamanho dependendo da necessidade de cada episodio, mas geralmente fica por volta de 4 pessoas.


Quanto tempo tem para fazer cada episodio?


Varia muito. Antes de cada temporada comecar, ou quando o show da uma pausa (por volta de fevereiro) da tempo de adiantar um pouco o trabalho. Por exemplo, o episodio 302 foi ao ar essa semana, e nos estamos trabalhando no episodio 305. Mas acontece tambem de estarmos trabalhando algo em vai ao ar na semana seguinte, ou as vezes ate' na mesma semana.



Qual é o seu papel nos efeitos do Fringe?


Eu sou um compositor. O trabalho do compositor e de pegar todos os elementos de diferentes fontes (filme, fotos, CG, etc) e fazer com que pareca que tudo foi filmado junto. A responsabilidade do compositor e' grande, ja' que ele e' a ultima pessoa a tocar em um shot antes dele ser mandado para o cliente. Basicamente, o trabalho do compositor e' o que vai ao ar. Os elementos criados por todos os outros artistas passam pela mao dele. A partir dessa temporada, eu sou lider de composicao (apesar de ja ter liderado episodios passados, como os 3 ultimos episodios da primeira temporada).


Qual seu efeito favorito?


E' dificil escolher. Fringe e' um otimo show de trabalhar. Alem de ser um fa da serie, o que eu gosto de trabalhar nos efeitos de Fringe 'e o fato de cada episodio ser bem diferente um do outro. Entre meus favoritos, estao o Porcuman (ep. 113), Lionzard (116), os ladroes atravessando as paredes do banco (ep.110), pessoas virando poeira (ep. 206), o parasita transportado dentro de pessoas (ep.209) e o shapeshifter transformando (ep. 219). Mas se eu tiver que escolher 1, e' o shot

do World Trade Center, no finale da primeira temporada. Eu fiquei encarregado dos ultimos 3 episodios da primeira temporada, quando nosso lider foi trabalhar no piloto de "V". O shot do World Trade Center foi uma afirmacao pessoal de que eu estava fazendo um bom trabalho. Sem contar que foi um dos shots mais trabalhosos que fizemos. Tinhamos um plate da Olivia com William Bell em um pedaco de cenario que construiram que nao correspondia as medidas das torres gemeas de verdade e uma tomada aerea de Manhattan (antes de 11 de setembro), cuja trajetoria do helicoptero nao condizia para o movimento que queriam fazer. A solucao foi recriar Lower Manhattan inteira em uma matte painting para criar o shot desejado e conectar todos os pedacos, para parecer que era uma camera so. Devido a problemas com outros shots, nosso tempo foi reduzido. O shot todo foi feito em 3 dias, por mim e mais 2 artistas. Entregamos o shot final para o cliente as 6 da manha de segunda-feira e o episodio foi ao ar no dia seguinte a noite.



Pode dar uma palhinha do que esta por vir?


Infelizmente, nao posso contar nada, mas tem muita coisa bem interessante pela frente. Do ponto de vista dos efeitos, ate' agora, cada temporada tem sido caracterizada de uma maneira diferente. Na primeira temporada, foi a diversidade dos efeitos. Cada episodio foi bem diferente do outro. Na segunda temporada, foi a criacao de um universo (ou no caso de Fringe, dois universos). Embora os efeitos continuaram sendo bem diferentes um do outro, de certa forma eles tinham que fazer parte de um mesmo universo. A terceira temporada, ate' agora, esta' sendo caracterizada pela expansao dos universos de Fringe. Vamos ver coisas novas, mas vamos tambem ver (e ja' estamos vendo, para quem esta' acompanhando os novos episodios) coisas que estabelecemos na segunda temporada, mas de uma maneira diferente, como amber, portais dimensionais, a tecnologia do universo paralelo, esse tipo de coisa.


Você só trabalha no Fringe?


Nao. A Zoic apesar de trabalhar com filmes e comerciais, e' famosa por seu trabalho em series de televisao. Fringe e' meu show principal, mas quando eu nao estou trabalhando em Fringe, ja trabalhei em True Blood, Flash Forward, No Ordinary Family, CSI, Californication, entre outros.


Fabio Hofnik


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